Atual presidente do Vasco, o ex-meia Pedrinho concedeu nesta quarta-feira, 27, em São Januário, a sua primeira entrevista coletiva desde a posse do cargo em 22 de janeiro. Pouco mais de sessenta dias na função, o agora cartola externou incômodo com a relação distante com a 777 Partners, empresa americana que detém 70% das ações da SAF do clube. Ele negou vaidade, mas explicou ter limitações pelo fato do clube ser minoritário, com 30% das ações.
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“Com relação à essa relação com a SAF, também me causa estranheza. Aí é um exercício que a gente tem que fazer, porque quando eu ainda sou um comunicador (comentarista de TV), eu sou procurado pela SAF e recebo um convite para exercer um cargo muito importante, e obviamente remunerado, na questão esportiva. Partindo desse princípio, quando eu me lanço candidato e sou eleito, com raciocínio óbvio, é que além de presidente e de sócio, porque ainda temos 30%, é que a gente tivesse uma relação próxima com relação à construção esportiva. Eu não posso em três meses ter esquecido algum conteúdo, principalmente direcionado ao futebol. Agora, que fique claro também, que eu não posso, por mais que eu seja sócio minoritário, eu não posso obrigar ninguém a nada. Não posso colocar a arma na cabeça de alguém e querer participar de todo o planejamento. Isso não é uma reclamação, que fique muito claro. Eu estou incomodado porque eu poderia colaborar e construir, tentar construir, algo interessante esportivo”, disse Pedrinho, cobrando na sequência velocidade do planejamento esportivo:
“Estou sempre disposto a ajudar o Vasco, acima de qualquer situação ou objetivo. Que fique claro que não existe vaidade, eu nunca tive a intenção de ter a última palavra, porque eu sei que sou minoritário, nunca tivesse a intenção de falar que, se eu participasse o Vasco estaria voando. Nada disso, zero vaidade. Quem me conhece sabe que eu não tenho vaidade nenhuma. Agora, esportivamente eu acho que eu poderia colaborar. Agora, é uma opção deles, ponto. Não existe choro, lamentação, o que as pessoas têm que entender é que o Vasco está acima de todo mundo. De mim e de todo mundo. Quando você entra e faz um projeto, como é o projeto de uma SAF, o que se espera é um planejamento um pouco mais acelerado, de curto e médio prazo. Quando você fala a médio e longo prazo, eu acredito que eu conseguiria reestruturar o clube, obviamente, sem ser uma empresa. Quando entra uma empresa com um aporte a gente espera algumas situações um pouco mais aceleradas. Isso é uma escolha, uma opção, eu respeito”, completou em outro momento.
Pedrinho afirmou que não pode expor questões contratuais entre as partes em função de cláusulas de confidencialidade, mas admitiu que há uma relação fria entre clube e empresa.
“Não posso falar. Posso falar sobre a relação. Existe uma relação fria. Muito mais de registros, do que de interação. Mas Pedrinho, você não disse que seria proativo? Fui proativo. Dei minha opinião sobre o diretor executivo, dei minha opinião. Me pediram a liberação de um projeto que estava preso desde março, foi pedido numa quinta-feira de dezembro, e na sexta-feira, de manhã, já estava liberado R$ 4 milhões do projeto incentivado – três para a base e um para o feminino. Nunca vou colocar minha insatisfação na frente do Vasco”, argumentou.
No último dia 22 de março, o clube carioca anunciou a demissão do diretor esportivo Alexandre Mattos após somente 100 dias de trabalho. O dirigente citou “divergências” com os controladores da SAF.
A saída ocorreu após o executivo negar uma relação ruim com Ramón Diaz, técnico do cruz-maltino, e o vazamento de prints de uma conversa com um jornalista em que explicava como funcionava o processo de contratações da SAF.
Neste ano, a expectativa era para que o clube fosse finalista do estadual e brigue na parte de cima da tabela, por uma das vagas para a Libertadores. A equipe, contudo, fracassou sendo eliminada para o Nova Iguaçu na semifinal do Campeonato Carioca.
Já sob sua gestão e de Pedrinho chegaram o goleiro Keiller, os zagueiros João Victor e Rojas, o lateral-esquerdo Victor Luis, os volantes Sforza e Galdames e os atacantes Adson, David e Clayton Silva.
“Sobre contratações, eu não posso falar. Só se eu sair e virar comentarista de novo (risos). Mas respeito muito todos atletas que estão lá. Como tivemos uma relação mais fria com a SAF, procurei diretamente os sócios para ter um entendimento da sequência do Vasco esportivamente. Não sei (se isso causou um incômodo na SAF), você tem que perguntar para eles. Não era para causar. Não estou aqui para brigar. Meu compromisso é com o torcedor”, concluiu.
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