A vitória do Flamengo sobre o Boavista teve muitos pontos positivos dentro de campo, mas o clima no vestiário, após o apito final, foi de apreensão. Tite não gostou da postura de Gabigol, em tentativa de cobrar o pênalti que, posteriormente, seria desperdiçado por Pedro, e cobrou o camisa 10 na frente de todos. O episódio, sem dúvida, pode ser um divisor de águas para o Rubro-Negro.
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Se anteriormente muitos treinadores “fraquejaram” diante de lideranças e situações adversas no clube, Tite mostrou toda a sua experiência ao colocar o sucesso coletivo acima do individual. Além de um excelente comandante, o treinador sabe manejar bem os egos fora de campo e, mesmo que Gabigol seja ídolo da torcida e forte nos bastidores, não escapou do sermão. É um Flamengo diferente neste início de 2024.
O estopim do desentendimento
Tudo começou quando Tite chamou Gabigol para jogar, em meados do segundo tempo. Enquanto o atacante esperava para entrar, o Flamengo teve um pênalti a seu favor, e o camisa 10, cobrador oficial, tentou acelerar a substituição para conseguir bater. Falou com Tite, falou com Arrascaeta e outros companheiros, mas não teve o desejo atendido. Pedro desperdiçou a cobrança.
A torcida não perdoou o centroavante titular, que deixou o gramado vaiado para a entrada do ovacionado Gabigol. Pedro já havia perdido outras boas chances na partida, mas, na opinião de Tite, não tinham a menor necessidade. O episódio ainda gera um sentimento de rivalidade por parte dos torcedores, algo que foi rechaçado por Pedro, em entrevista após o apito final.
— A pressão no Flamengo sempre existiu. Não só no Flamengo. Eu sempre tive pressão na minha carreira. Não me abala, me dá mais força para querer dar o meu melhor a cada jogo. Em relação ao Gabi, a gente sempre se deu muito bem. Conquistamos grandes coisas juntos. Criaram essa “rivalidade”, mas a gente sempre se deu muito bem dentro e fora de campo. É o Flamengo que ganha com isso. Tem que estar cada um no seu melhor nível para ajudar o Flamengo — comentou.
O clima no vestiário
Quando todos desceram para o vestiário, Tite fez a correção na frente dos presentes. Durante o sermão, o treinador repetiu diversas vezes que Gabigol respeitasse a camisa e seus companheiros. Adenor não gostou nem um pouco do pedido do centroavante e comentou, em bom tom, que “as coisas dentro do clube não giram em torno dele”. O camisa 10 não rebateu o comandante em nenhum momento.
Tite também frisou que a prioridade para cobranças fica sempre com quem está dentro de campo. Se Gabigol estivesse na iminência de ser substituído, como foi o caso de Pedro, teria batido o pênalti. A Trivela confirmou as informações do ge e ainda ouviu, de pessoas presentes, que o assunto foi tratado como encerrado por ali mesmo. O treinador prefere fazer correções, comportamentais ou não, na frente de todo o grupo, a fim de que tudo esteja bem claro para todos.
Tite sai fortalecido do episódio
Nunca é bom que uma chamada a um ídolo da torcida vaze na imprensa, mas Tite conseguiu fazer com que recebesse apoio dos rubro-negros no episódio. Além de ter pensado no coletivo, em detrimento ao individual, fez o que um verdadeiro líder deve fazer, que é cobrar seus atletas quando não estão rendendo ou cometem atitudes fora dos padrões.
Não houve bate-boca, nem voz acima do tom necessário, apenas uma cobrança natural dos grandes clubes. Tite também não deixou levar por uma possível rusga dos tempos de Seleção Brasileira, que chegou a ser um ponto de debate na chegada ao Flamengo. Vida que segue, bola para frente, afinal, o Rubro-Negro teve sua melhor exibição do ano diante do Boavista.
Se outros sucumbiram em situações muito menos nebulosas, Tite mostrou que tem o grupo na mão e que quer, acima de tudo, o melhor para o Flamengo. A próxima chance para mostrar essa união é no domingo (25), às 16h (de Brasília), diante do Fluminense, no Maracanã.
Fonte: Agência Brasil
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