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Guerra Israel-Hamas atrai nova geração de combatentes na Cisjordânia

Campo de Jenin é considerado há muitos anos o berço da resistência de grupos armados palestinos

Foto: Reuters

A área próxima à emblemática mesquita do campo de refugiados palestinos de Jenin, na Cisjordânia ocupada, é cenário de aumento da violência desde o início da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas em Gaza. As forças israelenses intensificam as operações e os militantes palestinos combatem nas ruas, entre cartazes com imagens dos “mártires” colados nos muros, em uma recordação das décadas de conflito entre israelenses e palestinos.

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O campo de Jenin, com 23 mil moradores segundo a ONU, é considerado há muitos anos o berço da resistência de grupos armados palestinos à ocupação. Israel classifica o local como um “centro terrorista”. Em maio, o exército do país efetuou sua maior operação no campo em vários anos, que terminou com vários palestinos mortos e feridos, incluindo milicianos e menores de idade. Um soldado israelense também morreu, atingido por engano por um tiro de seus colegas de tropa durante a operação.

Em um terreno diante da mesquita, um jovem de 18 anos tem uma postura desafiadora, com um colete à prova de balas, perto do local onde, segundo os moradores, um combatente morreu durante uma operação israelense esta semana.

“Nossa moral aumentou com os ataques de 7 de outubro”, afirma, com um dedo no gatilho do fuzil em que está pendurado um pingente em homenagem a outro combatente morto. “O ritmo da resistência na Cisjordânia aumentou”, acrescenta.

O Exército israelense anunciou que lutou contra “criminosos armados” esta semana em Jenin e que matou “vários”. Um avião atacou uma “célula armada que lançava artefatos explosivos”, um tiroteio foi registrado e bombas “prontas para serem usadas” foram encontradas ao longo da estrada, afirmou um comunicado militar.

Durante a noite, os ataques iluminam o céu. Durante o dia é possível observar os buracos provocados pelos tiros nos cartazes de vários jovens milicianos mortos nos dias, meses e anos anteriores. Jovens armados deixam a mesquita e olham, com nervosismo, um drone israelense que sobrevoa a área. “Acredito na justiça da nossa causa e luto por ela. E o meu destino é ir para o paraíso se eles me matarem”, declarou um dos jovens. “Se eu tiver filhos no futuro, acredito que eles seguirão o meu caminho”, acrescentou.

“Coração de pedra”

Ao lado da mesquita fica uma estação ferroviária abandonada que abrigou refugiados durante o que os palestinos chamam de “Nakba”, a “Catástrofe”, referência à fuga em massa de palestinos em 1948. A criação do Estado de Israel em 1948 provocou o êxodo de quase 760.000 palestinos, segundo a ONU. A estação está decorada com bandeiras da Jihad Islâmica.

 10 dias, Ibrahim al Damj, 43 anos, levou os filhos, incluindo um adolescente, para fora do campo, longe da violência e da crescente atração provocada pelos grupos armados desde o início da guerra em Gaza.

“Qualquer coisa é possível”, disse. “Quando veem o Exército israelense prendendo e matando membros de sua família, isto pode empurrá-los, no futuro, a considerar unir-se à resistência”, argumenta.

Mohammad Obeid, 33 anos, aponta uma mancha de poeira escurecida por vísceras e uma mancha de sangue em uma parede com marcas de estilhaços. “Agora os nossos filhos, a partir dos três ou quatro anos, já têm o coração de pedra por tudo o que viram”, afirma.

 

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