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Familiares protestam antes de audiência sobre massacre de Paraisópolis

Movimentos sociais participam da manifestação

© Rovena Rosa/Agência Brasil

Familiares das nove vítimas do Massacre de Paraisópolis, de 2019, e movimentos sociais realizaram hoje (18) um protesto horas antes da retomada do julgamento do caso. A segunda audiência de instrução será realizada à tarde, no Fórum Criminal da Barra Funda e deve ouvir, entre as 25 testemunhas de acusação e as cinco de defesa, o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

São julgados 12 policiais militares acusados de matar nove jovens em operação realizada durante o Baile da DZ7, de funk, na favela de Paraisópolis. Ocorrido na noite de 1º de dezembro de 2019, o episódio ficou conhecido como Massacre de Paraisópolis. O que se decide na corte é se irão a júri popular.

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Protesto

Os manifestantes fizeram uma performance para simular como os jovens foram cercados pelos agentes na operação. O objetivo foi demonstrar como houve excessos e que as imagens que revelaram momentos em que os policiais encurralaram as vítimas em uma viela são uma prova disso.

São Paulo (SP), 18/12/2023 - Maria Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, fala durante a manifestação dos famíliares dos nove jovens vítimas do Massacre de Paraisópolis em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
 Maria Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, fala durante a manifestação dos famíliares dos nove jovens vítimas do massacre. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Cristina Quirino, mãe de uma das vítimas, discursou durante a manifestação, afirmando que a polícia deveria acabar, diante da repetição de uma conduta que configura constantemente abusos de autoridade e atos de racismo.

Conforme Cristina lembrou e relatório da Defensoria Pública de São Paulo mencionou, a favela de Paraisópolis já era alvo dos policiais antes mesmo de a tragédia durante o Baile da DZ7. Houve indícios, citados pelo órgão, em relatório, de que a corporação já planejava usar a violência em abordagens na comunidade.

“Eles [os jovens assassinados] trabalhavam, estudavam. Até o Gustavo, de 14 anos, já trabalhava”, disse ela. “Estão criminalizando nossos filhos. Essa polícia nem tinha que existir mais porque só forja prisões.”

Ex-egressa do sistema prisional, Helen Baum diz que o que lhe aconteceu, de ser condenada injustamente, por tráfico de drogas, enquanto era usuária na Cracolândia, está conectado à letalidade policial que vitima negros e pobres no país. Para ela, é uma mesma faceta da violência praticada sistematicamente pela corporação.

São Paulo (SP), 18/12/2023 - Helen Baun, integrante do coletivo Memórias do Carandiru e especialista em direito penal, participa da manifestação dos famíliares dos nove jovens vítimas do Massacre de Paraisópolis em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Helen Baun, integrante do coletivo Memórias do Carandiru e especialista em direito penal, participa da manifestação. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“Nesse caso, a gente tem que falar de letalidade policial e seletividade penal também, porque a mão forte do Estado atravessa os corpos das pessoas negras, periféricas. Vemos isso desde a época da escravidão e da ditadura. Se a gente não pagar para que essas pessoas paguem do mesmo jeito que nós pagamos, elas vão continuar cometendo massacres. Nosso país tem um histórico de massacres”, disse.

Ao deixar o sistema carcerário, Helen Baun se tornou integrante do coletivo Memórias do Carandiru e da Primeira Frente Sobreviventes do Cárcere e especializada em Direito Penal, além de mestranda em Ciências Humanas e Sociais, pela Universidade Federal do ABC (UFABC).

Outro manifestante, o sobrevivente da Casa de Detenção de São Paulo, Maurício Monteiro, faz avaliação semelhante. “Esses policiais são os filhos, os netos, têm como heróis aqueles policiais [da unidade prisional onde ficou detido] que não foram presos, porque acreditaram em impunidade. E nosso Estado está apoiando”, opina.

São Paulo (SP), 18/12/2023 - Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo - Condepe, participa da manifestação dos famíliares dos nove jovens vítimas do Massacre de Paraisópolis em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo (SP), 18/12/2023 – Dimitri Sales, do Condepe, na manifestação dos famíliares dos nove jovens vítimas do Massacre de Paraisópolis. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“Essa audiência de hoje é da maior importância, porque são os familiares que vão contar quem eram seus parentes mortos, a história de cada jovem que estava lá para de divertir. O momento em que as vítimas terão voz por meio de seus familiares”, ressaltou o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), Dimitri Sales.

Edição: Maria Claudia

Fonte: Agência Brasil

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